De: super.vivi@hotmail.com
Para: Gabriel (
bielaxr1996@hotmail.com)
Assunto: Pode deletar se quiser, mas eu espero que você leia.
Eu pensei em várias maneiras de começar esse e-mail. Mas eu ainda não sei como... Não tenho bem certeza se você vai ler, mas eu espero que sim.
Eu estava deitada, pensando e pensando, em muitas coisas pra te escrever. Não vim aqui pra me desculpar, nem pra me fazer de coitadinha, longe disso. Vim aqui porque apesar de demorar muito, eu vi que você tem razão. Eu vi que eu sou imatura, sou uma criança, daquelas choronas, que tem medo do escuro. Você tem razão, eu não sei amar, eu nem sei o que é o amor primeiramente. Eu não sei um monte de coisas, eu nem sei dizer quem eu sou. Não sei se foi obsessão, sinceramente eu não sei. Mas você tem razão, eu fui egoísta, eu pensei muito, mas muito em mim. Talvez eu seja ou talvez eu tenha sido apaixonada demais, ou não. Eu nem sei o que eu fui, só sei que não fui uma coisa certa. Eu nem sei se foi amor. E ah, antes que eu me esqueça de dizer: eu não odeio você. Sei que isso não importa, mas eu precisava dizer. Eu queria odiar, eu queria sentir o que você sente por mim, mas eu não consigo. Talvez eu não consiga porque eu não acredito, na verdade, eu não quero acreditar. Também não quero mentir nesse e-mail.
As palavras ficam se embaralhando, e eu nem lembro mais do que eu exatamente queria falar. Ah, claro... eu queria dizer que eu não sei de nada, mesmo. Não sei se eu quero explicar alguma coisa, mas eu preciso falar com você. Falar, simplesmente dizer coisas, por menos sentido que elas tenham, ou por menos inexistentes que elas sejam.
Você tem razão em não demonstrar o que você sente, porque se você estivesse no meu lugar aposto que você se sentiria desconfortável, como eu estou me sentindo agora. Sabe, eu já tentei não demonstrar, mas eu não consegui, então eu deixei tudo de lado e desisti. Talvez eu precise que as pessoas saibam o que eu sinto. Isso me incomoda, mas não consigo evitar.
Eu queria admitir que eu estava errada, que eu sou errada. Que você tem razão, eu fui, e talvez ainda seja, pelo menos pra você, que pelo visto me conhece: uma insuportável, grudenta e obsecada. É, você tem razão. Você sempre vai ter razão em relação a mim. Talvez você me conheça. Talvez seja por isso que você me odeie, porque você me conhece.
Acho que quando a gente se apaixona a gente idealiza a pessoa demais, a gente não vê ela como ela é, a gente só vê do jeito que gostaria. Talvez você tenha me visto como a menina compreensivel, legal, inteligente e bonita. E nada disso eu sou. Você só idealizou, porque... estava apaixonado.
Talvez eu tenha confundido toda a amizade que eu sentia por você com amor, ou talvez não. Mas sabe, eu não consigo me conformar com a ideia de ter sido obsecada, não consigo. No meu ponto de vista, eu só gostei de você demais, talvez você tenha sido a primeira pessoa que eu gostei de verdade, por isso o mel todo... Talvez tenha sido com você que eu descobri o que é gostar de alguém, gostar mesmo, pra valer. Talvez por isso você tenha achado (tipo certeza, não importa) que foi obsessão... caramba, talvez tenha sido obsessão.
Eu odeio admitir isso, é ruim admitir algumas coisas.
Talvez eu tenha confundido muita coisa com amor, muita, muita coisa. Mas na verdade, eu não sei... Talvez o amor nem exista, talvez seja só uma coisa que inventaram. Porque amor mesmo, dura pra sempre.
Talvez eu tenha me apaixonado por você, pelo simples fato de todo o mistério em que você se resume. Talvez pra mim, você seja aquele tipo de livro, que fica na sessão reservada da biblioteca. Eu queria ter conversado mais com você, eu queria te conhecer de verdade. Uma época, antes de tudo isso acontecer, eu achei que conhecia você. Porque querendo ou não, você era todo você comigo, eu acho pelo menos. Mas tudo que eu sei é que modestia parte você se acha muito inteligente e inigmático, você ama seus amigos, mesmo sem dizer isso pra eles, e ama muito a sua família. Você sempre está sendo engraçado pra não se magoar, porque até quando fala sério, as pessoas riem. Você não gosta de demonstrar tudo o que sente, você é orgulhoso, mas sabe admitir quando está errado, ah... e você odeia estar errado. Você é mais tímido do que a maioria das pessoas podem pensar. E eu ainda me impressiono com a sua facilidade de entrar em conversas... e me surpreendo por você ser sempre você mesmo.
Você tinha razão quando me chamava de emo, talvez eu seja mesmo uma emo disfarçada de garota normal. Quando eu gostei de você eu quis mudar, eu quis tentar ser parecida com você... e isso foi errado. Eu detesto espanhol, e nem sei porque estou fazendo. Eu não odeio tanto ciências como eu digo odiar. Eu odeio matemática. Eu sou péssima em gramática, péssima. A professora de história estraga a matéria. Eu adoro português mesmo, mesmo. Eu sou dramática. Eu preciso escrever pra tirar nós da minha garganta, e há, com certeza eu não vou enviar esse e-mail, porque sou uma covarde. É, isso aí: covarde. E sabe, eu não gosto de você, e cara acho que da única coisa que eu tenho certeza é que eu realmente gostaria de voltar a ser sua amiga. Essa droga desse e-mail era pra ficar tão bonito... sério, ia ficar legal, e poxa, eu estou tentando arranjar jeitos de me desculpar sem ser direta demais. Mas francamente, eu conheço você o suficiente pra saber que não me desculparia, e cara, EU NÃO SEI O QUE EU FIZ PRA VOCÊ ME ODIAR ASSIM. Ah... eu sei, não posso mais fingir que não e ficar tentando puxar papo com você, mais o que eu acabo puxando é briga mesmo. Eu sou uma chataaaaaaaa, e não devia estar nem escrevendo esse e-mail. Mas eu sou a pessoa mais ansiosa e impaciente, e positiva e mais um monte de coisas alegres por aí. Eu gosto de chuva, eu amo chuva e ah, Deus, não sei porque eu disse isso. Talvez porque esteja chovendo e esteja frio...
Que ridiculo... eu sou tão ridícula... Essa não sou eu, não era pra eu ser uma pessoa apaixonada, NÃO ERA. Isso tá no horóscopo... viu?! Eu sou tão infantil que acredito em horóscopo. Eu queria que fadas existissem... e queria que Papai Noel e coelhinho da páscoa também existissem. Eu não sei se vou falar pros meus filhos que eles existem, porque logo mais tarde eles vão se decepcionar sabendo que merda nenhuma nunca existiu. Eu só queria que eles existissem para ninguém mais ser decepcionado, magoado e etc.
Eu sinto falta das estrelas no teto do meu quarto, e as vezes eu choro por falta delas. Uau, eu fugi do hospício. Sou uma demente. Eu choro porque sinto falta da minha avó, eu mal a conheci, eu tinha dois anos quando ela morreu. Eu lembro exatamente do dia em que ela morreu... Eu lembro dos carrinhos de oxigênio, eu lembro deu estar saltitando pela casa da minha tia, e nessa hora eu estava atrás do sofá, quando o carrinho de oxigênio passou... ele era azul, meio esverdeado. Depois eu lembro do quarto, que tinha um papel de parede listrado, rosa e branco, rosa e branco. Eu lembro da minha avó sorrindo pra mim e com aqueles trens de oxigênio. Eu achava minha avó linda, eu sempre quis chamar a minha avó. Sempre. Deve ser tão bom sair gritando pela casa ''Vóóóóóóó''. Quando eu fazia judô, e via a Maria Eduarda reclamar o tempo todo da avó dela, e falar ''Já vou, vó'', eu sentia inveja dela, porque ela podia falar ''vó'', e eu não. Eu queria poder reclamar da minha avó. Eu queria que ela me pedisse um monte de coisas. Mas eu sei que a minha avó não era assim. Eu sei como a minha avó era e eu sinto falta dela. Eu vi ela sendo colocada num porta-mala, coisa que nem minha mãe lembrava, mas minha tia confirmou. Eu vi ela indo embora, apesar deu ser uma débil, eu sabia que ela tinha ido embora pra sempre, eu sabia que ela tinha morrido.
Eu sei que você me acha uma psicopata maldita do inferno que apareceu na sua vida e te perseguiu até a puta que pariu... mas eu não sou tudo isso, hahaha. Não meishmo.
A verdade é que eu faço de tudo um problema, e céus, EU NÃO TENHO NENHUM PROBLEMA. Problema tem aquelas pessoas que passam fome, frio, que tem aids, que morrem por doenças... ah tem um nome ai, que o professor Neemias sempre fala, mas hoje, logo hoje, eu me esqueci... é... Eu vivo rezando por elas.
Sempre que eu vou dormir eu penso em você, quero dizer, eu quero saber como você está, então eu tento te imaginar, hoje mesmo eu tentei... eu consegui, mas sei lá. Eu imaginei sua casa vazia, escura e... triste.
Eu não gosto muito de pensar no fato deu não ver você todas as manhãs... porque sabe, vai ser como eu te imaginar dormindo... Só que eu vou ter que te imaginar ALL THE TIME! Só de pensar nisso, meus olhos se enchem d'água.
Ouve uma música do Roberto Carlos, ''Outra Vez'', ela me lembra você.
Ufa, é um grande alívio saber que você não vai ler isso. Eu já consigo desabafar melhor.
Eu queria que você fosse meu amigo, o meu melhor amigo. Eu queria voltar a ser quem eu era, mesmo não sabendo quem eu era. Sei lá, é estranho. Eu comecei o e-mail de uma forma, e termino de outra... Deve ser confuso.
É chato não saber quem se é, tipo, muito chato mesmo. É meio vago. É como se estivesse possuída por alguém morta de medo e maluca... eu sei que nos damos bem. Mas você é a única pessoa com quem posso ser eu mesma, mesmo que não sabendo quem sou. Profundo, né? Talvez eu só sinta falta de um amigo que nem você, isso é triste. Perder um amigo é difícil, tipo, até no the sims, quando eles perdem um amigo, eles ficam tristes pra caralho, isso até marca. Pois então, marcou.
Ai eu me sinto uma louca varrida, talvez eu seja.
Odeio rodeios, mas eu só faço isso... Contradições olá!
Em pensar que eu ia te enviar isso hein... hahaha.
Mas enfim, eu me sinto mais leve... tipo ''oi, sou uma pluma e você?''.
Bem... se caso um dia você ler este post, ou melhor... se você algum dia chegar até o fim deste post, saiba que você faz uma puta falta!
Beijos aliviados, hahaha.
P.s: Ignore quaisquer tipos de erro.
P.p.: João se caso um dia você ler, saiba que eu te amo, e não gosto dele, ok?